Landau a álcool: no fim da vida, entregava desempenho inesperado

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O Landau a álcool chegou ao mercado no fim de 1979, já vendido como modelo 1980.

O Brasil passava por uma época onde todas as marcas corriam para lançar versões a álcool de seus modelos, e o grandão mais luxuoso (e mais caro) do país não poderia ficar de fora.

As unidades 1979 do Landau a álcool foram usadas por autoridades governamentais e também vendidas para empresas, então foi somente em 1980 que o modelo passou a ser vendido para o consumidor comum.

Hoje, é um carro bastante raro, já que foram feitas apenas cerca de 2.400 unidades a álcool, sabe-se lá quantas ainda estão rodando por aí com motorização original, não convertida para gasolina?

Já no fim da sua vida

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No começo da década de 1980, o mercado ainda não sabia, mas o Landau estava no fim de sua vida, que tinha começado no ano de 1967.

O modelo Landau, que inicialmente era apenas uma versão mais luxuosa do Galaxie, passou a se chamar apenas Ford Landau nessa época.

Ela certamente era ultrapassado, se comparado com os modelos recém-lançados, mas tinha um luxo, uma qualidade de construção e um acabamento muito superior a qualquer outro carro vendido no Brasil.

A superioridade da Ford nos motores a álcool

As revistas da época já mencionavam a superioridade das soluções implantadas pelos engenheiros da Ford na criação de motores a álcool.

A empresa conseguia agrupar soluções melhores do que outras marcas.

O Corcel II, com motor 1.6 a álcool, era chamado de referência, ou padrão, perante o qual os outros motores a álcool eram julgados.

E no caso do motor 302 V8 do Landau, de 5.0 litros, a versão a álcool era vista como nitidamente superior ao motor a gasolina.

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O mercado ao qual o Landau a álcool se destinava

A Ford vendia o Landau especificamente para executivos de alto nível, autoridades e políticos em altos postos.

Isso pois era o único carro com enorme espaço no banco traseiro.

Ele também era o único que tinha conforto suficiente para a pessoa ler documentos, ou gravar memorandos, no banco traseiro. Seu nível de ruído interno também era incomparável com qualquer outro carro do nosso mercado.

O modelo tinha como concorrentes modelos bem inferiores em luxo e conforto, como Alfa Romeo TI-4, Chevrolet Diplomata e Dodge LeBaron.

O Diplomata vendia um pouco a mais, foram 3.898 unidades em 1980, contra 3.022 do Galaxie, mas há de se lembrar que o Diplomata tinha versão com quatro cilindros, que respondia por mais de 70% das vendas, versão essa que era muito mais barata que o Landau.

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O Landau a álcool andava muito mais do que se esperava

O Landau ainda tinha um conjunto mecânico razoavelmente atualizado, já que o seu motor 302 ainda era produzido nos EUA.

Aliás, mal sabia-se, mas até os anos 90 o mesmo motor seria usado em modelos Ford lá dos EUA, como por exemplo o Mustang V8.

Os câmbios, quer manual, quer automático, já eram bem antigos, e poderiam ter sido substituídos por outros mais modernos. O Landau ainda usava câmbio de apenas três marchas nos anos 80, três marchas manual e três marchas automático.

Só que, mesmo com câmbios ruins, seu desempenho era impressionante para quem ficava se perguntando quanto que andava um carro tão grande e tão pesado.

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O conjunto a álcool do Landau tinha cerca de 13,5% a mais de potência, com 152 cavalos contra 134 do modelo a gasolina (isso quando calculamos a potência de acordo com os métodos mais modernos, no método antigo, ele tinha 199 cavalos, e o Dodge Charger chegava a ter 215).

O torque era quase 10% melhor, com 32,6 kgfm versus 30,6 kgfm.

Uma revista que testou o modelo deu um exemplo mais prático de como o Landau a álcool tinha bom desempenho.

A situação hipotética mostrava um casal andando tranquilamente por uma estrada com um Passat TS. De repente, o Landau a álcool chega atrás buzinando, piscando os faróis, pedindo passagem.

O motorista do Passat decide acelerar para mostrar a aquele suposto velho senhor quem é que mandava ali. Começa a acelerar, chegando a 120, 140, 160 km/h, e não consegue se desvencilhar da banheira louca, que continua o seguindo bem de perto, com os vidros fechados e o ar-condicionado ligado.

A fama anterior de que o Landau não andava muito

As pessoas se surpreendiam com o desempenho do Landau a álcool pois o grande sedã tinha fama de ter desempenho modesto.

Isso pois quando ele foi lançado, em 1967, ainda somente como Galaxie, não Landau, chegou ao mercado com o antigo motor V8 272, de 4.5 litros.

E aqui posso falar com experiência própria de quem tem exatamente os dois modelos, Galaxie com motor 272 e Landau com motor 302 a álcool: o desempenho dos dois é como se compararmos um carro 1.0 com um 2.0.

Mesmo o peso total tendo aumentado de 1.600 para 1.900 quilos desde o início da vida do modelo, até o final, o Landau a álcool era um dos carros mais velozes e rápidos do mercado no começo dos anos 80.

Ele fazia o 0-100 em apenas 11,1 segundos, o que é tempo de aceleração semelhante a carros populares até os dias de hoje. E a velocidade máxima era de 171,7 km/h.

As acelerações ficavam em segundo, dentre as mais fortes do mercado, perdendo, por décimos de segundo, apenas para o Diplomata 250-S. E na máxima, ficava 2 km/h abaixo de Diplomata e Alfa.

A frenagem também era feita de maneira exemplar. O Landau freava de 100 km/h até a imobilidade em apenas 44 metros, marca melhor do que o Alfa Romeo TI-4, que gastava 47 metros, mesmo tendo freio a disco nas quatro rodas, coisa que o Landau não tinha.

O consumo como ponto negativo

O Landau a álcool não foi concebido pela Ford com o objetivo de ser um carro mais econômico do que o modelo a gasolina, se fosse esse o caso, ele não teria o desempenho excelente que comentamos acima.

Ele nasceu por causa do Proálcool, um programa do governo brasileiro que exigia que uma porcentagem de todos os modelos fossem vendidas com motor a álcool.

Em testes da imprensa feitos na época, o Landau a álcool tinha consumo de 2,5 a 3,5 km/l em ciclo urbano, e o que vemos hoje em dia são marcas semelhantes.

O que ajuda, tanto no consumo como principalmente nas partidas frias, é adicionar cerca de 10% de gasolina a um tanque cheio, tanque esse que é enorme e comporta 107 litros.

O interessante é que o consumo ao andar a 80 km/h era de cerca de 6 km/l, e andando a 110 km/h ficava praticamente no mesmo de 80 km/h.

Mas, para um carro que tinha valor de cerca de R$ 350.000, se convertermos para o dinheiro de hoje, não tinha como principais preocupações de seu dono o consumo de combustível, não acha?

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.