Ele são dois combustíveis bem diferentes. O primeiro é derivado do petróleo e um dos subprodutos do mesmo, sendo mais valorizado e abastecendo a maior parte da frota mundial de veículos.
O segundo é de origem vegetal e é conhecido por ser limpo e renovável, mas abastece apenas uma pequena parcela dos automóveis do mundo, já que seu uso é intensivo apenas no Brasil, sendo usado de forma misturada em alguns outros mercados.
Estamos falando de gasolina e álcool, que também recebe o nome de etanol (veja se o aditivado vale a pena). O interessante nesses dois combustíveis é que eles passaram 25 anos separados em motores diferentes, não sendo jamais utilizados simultaneamente em automóveis e outros veículos do tipo.
Apenas com a tecnologia flex, lançada nas últimas décadas, é que foi possível misturar no mesmo tanque os dois produtos e mover uma boa parte da frota nacional de veículos. Mas será que gasolina e etanol se misturam?
Sim, os dois combustíveis se misturam. Eles formam a chamada mistura homogênea, já que são substâncias apolares. Mas o que significa isso?
No caso do álcool etílico, as moléculas possuem uma parte apolar e outra polar. Com sua fórmula química C2H5OH, a parte C2H5 é apolar e acaba interagindo com as moléculas apolares da gasolina, que é essencialmente desse tipo.
Dessa forma, os dois combustíveis acabam sendo misturados naturalmente tanto no tanque de combustível quanto na própria refinaria, quando a gasolina pura recebe até 27% de álcool (etanol anidro).
A mistura é tão boa que outros países, em especial de clima frio, passaram a adotar o combustível vegetal, mas misturado com o derivado de petróleo para reduzir as emissões de poluentes desse último.
Nos EUA, o percentual de álcool – obtido do milho, diferente do brasileiro, que é extraído da cana-de-açúcar – chega a 85%. Ou seja, é quase como etanol com 15% de gasolina apenas para facilitar na partida a frio.
A vantagem da gasolina é que ela suporta melhor os climas frios, o que ajuda carros com E85 a sobreviver ao rigoroso inverno do hemisfério norte ou do sul, já que a Argentina utiliza um percentual de 10% de álcool em sua gasolina, dita pura.
No mundo, em torno de 60 países já utilizam essa mistura de gasolina e álcool em seus carros.
A tendência é que esse número aumente devido às pressões ambientais para cortar as emissões de poluentes.
Mesmo motores de ciclo diesel já foram testados com 95% de etanol e um aditivo de detonação de 5%, já que não existe ignição por centelha, mas por compressão.
Tecnologia com processo semelhante, a HCCI leva o nome da mistura de gasolina e álcool (faça o cálculo), sendo Homogeneous Charge Compression Ignition, capaz de permitir a ignição dos dois combustíveis sem a centelha das velas. Esse pode ser o último estágio dos motores de combustão interna.
Geralmente, quando se pergunta sobre gasolina e álcool se misturarem ou não, outra automaticamente é feita: álcool se mistura com a água? A resposta é sim.
Na fórmula química do etanol, a parte OH é polar e é uma das partes da água (H2O), que é totalmente polar. Por isso álcool e água se misturam.
Já a gasolina não se mistura com água, pois uma é apolar e a outra polar. Isso é o que se obtém no teste da gasolina para ver se está adulterada, já que sua parte em álcool se desprende da mesma e mistura-se com a água, indicando o percentual de mistura.
Nesse caso, uma tecnologia automotiva ainda em testes, tal como a HCCI, promete revolucionar o mercado de carros híbridos com células de combustível.
A tecnologia SOFC (Solid-Oxide Fuel Cell) utiliza células de combustíveis como aquelas usadas com hidrogênio, mas o processo químico é realizado com álcool, podendo admitir até 55% de água misturada em sua composição.
Assim, o resultado é eletricidade que, após armazenada em baterias de lítio, alimenta o motor elétrico do carro.
Esse sistema está sendo testado pela Nissan, que já prometeu sua introdução futura no Brasil, devido à infraestrutura consolidada.
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