Junto com a nova geração do Palio, a Fiat mostrou a versão Sporting – nome usado pela primeira vez no modelo –, que pretende dar um ar mais esportivo ao renovado hatch. O carro ganhou visual repaginado, itens exclusivos e até algumas alterações mecânicas para se destacar do restante da linha, da qual ocupa o topo.
Além disso, amplia os espaços da Fiat no seleto nicho dos “pseudo-esportivos” compactos, composto atualmente apenas por Nissan March SR, Ford Ka Sport e Uno Sporting, também da marca italiana. O hatch é equipado com o mesmo 1.6 16V e.Torq da versão Essence.
São 117 cv e 16,8 kgfm de torque quando abastecido com etanol que, segundo a Fiat, são capazes de levar o hatch do zero aos 100 km/h em 9,9 segundos e à máxima de 191 km/h. O desempenho é praticamente igual, apesar do diferencial encurtado, que permitiria respostas mais imediatas ao acelerador.
Além do câmbio mais curto, a direção ficou mais direta e a suspensão foi rebaixada em 5 milímetros e até as bitolas foram alargadas – 6 mm na frente e 10 mm atrás. Tudo para dar ao Sporting um comportamento condizente ao nome. A suspensão também ganhou molas e amortecedores mais firmes e os freios foram redimensionados.
Por fora, as linhas simpáticas do novo Palio ganharam toques mais agressivos, com a adição de saias laterais e spoilers dianteiro e traseiro. Além disso, o modelo ganhou belas rodas de 16 polegadas exclusivas da versão, com pneus de perfil mais baixo.
Os faróis têm máscaras escuras e há apliques plásticos nos arcos das rodas – numa clara referência ao Punto T-Jet. Mesmo chamativo, o conjunto não perdeu a harmonia e deu ao modelo a dose extra de esportividade e exclusividade inerentes à uma versão desse tipo.
As mudanças deixaram o Palio com um ar mais assentado e muito interessante.
O interior mantém as linhas comuns a todas as versões do hatch. Mas há também detalhes que não deixam os ocupantes esquecerem que estão a bordo de um Sporting.
Os cintos são vermelhos, de gosto bastante discutível, mas remetem aos primeiros Uno 1.5R esportivos do fim da década de 80, assim como as maçanetas vermelhas e pedais esportivos.
Os bancos também têm revestimento preto exclusivo, com inscrições alusivas à versão bordadas nos encostos. Os mostradores ganharam também a inscrição Sporting entre os ponteiros vermelhos.
A Fiat conseguiu um ótimo conjunto com o Palio Sporting. O modelo, que já era substancialmente melhor que a primeira geração, ganhou mudanças para entregar mais diversão ao volante do que o restante da gama, além do visual instigante.
Até o preço, de R$ 41.310 – que já inclui equipamentos como ar-condicionado, direção hidráulica, airbags frontais e freios ABS – ainda o deixa em pé de igualdade com a concorrência “não-esportiva”.
É certo que são quase R$ 2 mil a mais em relação ao Palio Essence, com o mesmo conjunto mecânico e dotação de equipamentos, mas que se justificam em ajuste esportivo, visual diferenciado e alguma exclusividade.
Ponto a ponto
Desempenho – O 1.6 16V é o maior responsável pela vitalidade do Palio Sporting. Os 117 cv empurram o hatch sem dificuldades e o torque de 16,8 kgfm ajuda na hora de acelerar forte. No entanto, há pouca força abaixo dos 2 mil giros, o que compromete retomadas e o uso despretensioso do modelo.
Manter as rotações acima de 3.500 faz o modelo entregar ótimas prestações, mas cobra sua conta no consumo elevado. Ao menos, não há sinais de sofrimento mesmo próximo do limite, o que incita o motorista a explorar bem o motor. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão rebaixada e com molas mais firmes deixam o modelo bem na mão do motorista. Os pneus 195/55 montados em rodas de 16 polegadas – conjunto exclusivo da versão – ajudam bastante na hora de contornar estradas sinuosas.
O Palio balança pouco e apenas em curvas de alta, passando bastante segurança. O comportamento é muito neutro e previsível, com tendência de sair de frente apenas quando muito provocado. Nota 8.
Interatividade – O interior é bem pensado, com comandos fáceis e intuitivos. O sistema de som requer alguma atenção nos primeiros momentos de uso e a entrada USB merecia um lugar mais visível, em vez de ser dentro do pequeno porta-luvas.
Ao menos, alavancas e botões têm uso descomplicado. O painel tem ótima visibilidade, o que não se repete em relação à traseira, onde a coluna larga fica no meio do caminho em várias situações. Para a frente e para os lados, nenhum problema. Nota 7.
Consumo – O Fiat Palio Sporting registrou médias de 7,2 km/l com etanol em ciclo misto. A Fiat não tem números oficiais e o Inmetro não fez medições para o modelo. Nota 5.
Tecnologia – A plataforma é moderna – estreou em 2010 no Uno – e há boa oferta de equipamentos para o modelo. Os airbags frontais são de série e ainda há bolsas laterais como opcional. O sistema de som aceita CD, MP3, iPod e tem uma entrada USB. Nota 7.
Conforto – O ganho no espaço interno melhorou muito a vida a bordo do Palio. Há mais espaço para a cabeça dos ocupantes e para as pernas de quem viaja no banco traseiro. Os bancos são revestidos em tecido agradável ao toque e os níveis de ruído são aceitáveis.
Mesmo com a proposta mais esportiva, o modelo mantém o jeitão “macio” habitual da linha mineira. O nível de ruído é aceitável em velocidade de cruzeiro e o motor só se faz presente em rotações mais altas. Nota 8.
Habitabilidade – O modelo traz poucos porta-objetos, apenas dois porta-copos à frente da manopla do câmbio, estreitos nichos nas portas e outro no alto do painel. No entanto, o interior do Palio é um ambiente agradável e o entra-e-sai é facilitado pelo bom ângulo de abertura das portas.
Na mudança de geração, o hatch perdeu 10 litros no porta-malas e agora só consegue acomodar 280 litros. Nota 6.
Acabamento – A Fiat definitivamente poderia ter investido num acabamento melhor para o Palio. Os plásticos são de aparência muito simples e há até rebarbas aparentes. Alguns encaixes também deixam a desejar, como o da tampa do porta-luvas e do pequeno porta-objetos no alto do painel. De resto, a sensação ainda é melhor que no modelo antigo. Nota 6.
Design – Para a versão Sporting, a Fiat caprichou – e talvez até exagerou – em anexos aerodinâmicos e arremates para dar uma cara mais esportiva ao modelo. Saias laterais, spoilers e rodas maiores conseguiram fazer o modelo se destacar em relação aos demais.
Os faróis ganharam máscaras escuras e há faixas decorativas na lataria e até ponteira cromada no escapamento. Estão lá o “bigodinho” cromado do Fiat 500 e muitas referências ao Punto. Na traseira, as lanternas na coluna são datadas mas deram ao Palio um ar mais esbelto.
Já a decoração interna exagera demais e chega a ser espalhafatosa. Nota 8.
Custo/benefício – O Palio Sporting figura num segmento pouco povoado no Brasil. Além dele, apenas March SR 1.6 e o menor Ford Ka Sport trazem um conceito mais esportivo entre os hatches pequenos.
O modelo vem bem equipado, com airbags frontais, freios ABS, além de ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos de série por R$ 41.310. Não é barato, mas está na média do segmento.
O Nissan March custa R$ 39.490, mas não tem qualquer alteração mecânica em relação às versões “tímidas”. O Palio é mais espaçoso e ganhou suspensão exclusiva e câmbio mais curto, além de apresentar um conjunto mais maduro que o March.
O Ka – vendido por R$ 36 mil quando equipado com airbags frontais – joga numa seção mais baixa, com apenas duas portas e menos compromisso com conforto e, por isso, acaba sendo mais barato. Nota 7.
Total – O Fiat Palio Sporting 1.6 somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Cara de mau
Antes mesmo de assumir o volante, a decoração externa chamativa, mas condizente com a proposta do carro, deixa mesmo o modelo com um ar mais esportivo que o restante da linha.
As rodas de 16 polegadas exclusivas da versão e a suspensão ligeiramente rebaixada dão ao Palio um jeitão mais encorpado e soturno, ainda mais na cor preta, que cai muito bem ao Sporting.
Por dentro, as diferenças continuam com os cintos de segurança vermelhos – herança do primeiro Fiat Uno 1.6R –, maçanetas internas e outros detalhes também em vermelho. O interior acolhe bem os passageiros, ainda que os bancos dianteiros pudessem ter melhor apoio às coxas.
A espuma tem densidade correta e não cansa mesmo após algumas horas ao volante.
Todos os comandos estão bem localizados e há bom espaço interno, numa notável evolução sobre o modelo anterior. No entanto, os plásticos utilizados em diversas partes do painel e portas têm aparência pobre e riscam com facilidade.
Além disso, a durabilidade de alguns componentes precisa ser revista.
Na unidade avaliada – que marcava poucos milhares de quilômetros rodados – a regulagem de inclinação do encosto do banco do motorista já girava em falso, graças ao peso do encosto equipado com airbag lateral.
O motor e.Torq 1.6 16V de 117 cv com etanol certamente é a estrela da versão – ainda que seja o mesmo do Palio Essence. Entretanto, o câmbio mais curto do Sporting deixa o modelo mais arisco e bastante esperto.
Os 16,8 kgfm chegam somente nas 4.500 rpm, mas já há força ao redor dos 2.500 giros – abaixo disso, o 1.6 é bem fraco, mas ao menos as marchas mais curtas ajudam na subida das rotações.
A suspensão mais firme torna o Palio divertido e muito mais seguro até mesmo que o antigo 1.8R. Não chega a ser um kart, mas já consegue animar os motoristas mais entusiasmados. A contrapartida ao bom desempenho vem na hora de abastecer.
Com etanol no tanque, o Palio Sporting mal passa dos 6 km/l, muito pouco para um motor 1.6 de concepção moderna.
O consumo alto ainda justifica que a versão esportiva poderia vir com o 1.8 16V do Punto, com saudáveis 132 cv, que certamente elevaria o desempenho a níveis realmente esportivos, sem gastar muito mais na bomba de combustível.
Ficha técnica – Fiat Palio Sporting 1.6 16V
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade máxima: 191 km/h
Torque máximo: 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, com eixo de torção com rodas semi-independentes. Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, com eixo de torção com rodas semi-independentes. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS como opcional.
Carroceria: Hatchback em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,87 m de comprimento, 1,67 m de largura, 1,51 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Airbags frontais e laterais como opcional.
Peso: 1.090 kg.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Tanque de combustível: 48 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: Ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricas, airbags frontais, freios ABS, apoios de cabeça traseiros. Opcionais: Airbags laterais, pintura metálica, sensores crepuscular e de chuva, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores elétricos, controlador de velocidade de cruzeiro.
Preço básico: R$ 41.310.
Preço da unidade testada: R$ 46.597.
Por Auto Press
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